Através do grupo Tupi (aliás, uma ótima comunidade para aqueles interessados em aprender a "língua mais usada da costa do Brasil") fiquei sabendo que o cantor baiano Luiz Caldas resolveu gravar um disco de canções em Tupí -- em suas próprias palavras, "numa homenagem à língua dos nossos ancestrais". Um exemplo é a canção "Apiçá quité iandé morubixaba", cuja letra está disponível no site de Luiz Caldas no MySpace:
"Acé angaturama morubixaba caapegoara eçaetá, eçacuí, marangatuguariní mboîa çui caraíba picirongába pé tetiruan çui caátiba iandétaba iandé cemimotara irumo iandé catumbaé iandé uicobé."A temática seria a baboseira comum em canções supostamente "engajadas", criadas por gente cujo conhecimento sobre índios parece limitar-se a gibis do Ziraldo e do Maurício de Souza. A letra acima supostamente traduz-se assim:
"Atenção para nosso chefe nosso bondoso chefe morador do mato, atento, preparado, bom guerreiro cobra do homem branco proteção para todos da floresta nossa aldeia nossa liberdade é nossa riqueza nosso viver."
Digo supostamente porque, como explica Emerson José Silveira da Costa, conhecedor do Tupí Antigo como poucos, a versão "Tupí" não tem pé nem cabeça:
"[...] a música supostamente "em tupi" não passa de uma sequência de traduções palavra-a-palavra da letra em português, resultando num palavrório que em tupi não tem sentido algum. O que mais me doeu foi ver o animal "cobra" ("mboîa") ser usado em lugar de"cobra" do verbo "cobrar" [...]"
Essa é mesmo de doer. Me faz lembrar algo que vi numa placa de elevador num dos melhores hospitais de Silver Spring (cidade com grande concentração de hispânicos, nos arredores de Washington, DC), em que ground floor 'piso térreo' foi traduzido para o espanhol como piso molido...
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