Monday, November 26, 2007

Baldus (1954), Ihering (1907)

A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju acaba de incluir em seu acervo dois outros trabalhos que tratam dos Oti (uma das tribos menos conhecidas do continente): os artigos "Os Oti", de Herbert Baldus (1954), e "A anthropologia do Estado de São Paulo", de Hermann von Ihering (1907).

O artigo de Baldus (1954) supre uma das lacunas do Handbook of South American Indians, que não tratou dos Oti, fornecendo uma pesquisa bibliográfica de tudo o que havia disponível sobre esta tribo — incluindo trecho do diário de Nimuendaju sobre "o fim da tribo Oti", que seria publicado décadas depois no livro Textos Indigenistas (Edições Loyola, 1982; resenha).

O artigo de Ihering (1907) é a tradução de um opúsculo publicado em inglês por ocasião da Exposição Universal de Saint Louis (EUA), em 1904 (que está também disponível online, no site do Internet Archive). Enquanto a versão original em inglês não inclui material lingüístico, a tradução brasileira inclui os vocabulários Oti ("Eochavante") de Telêmaco Borba e Ewerton Quadros, além de alguns itens lexicais Kaingáng e "Notobotocudo" (Xetá).

Sugerindo que "a língua dos Eochavantes parece ser um tanto alliada á dos Gês", Ihering dá início à idéia (sem fundamento) de que o Oti seria geneticamente relacionado às línguas Jê (idéia adotada mais tarde por Greenberg). Também digna de nota é a opinião de Ihering (que, como respeitado naturalista e diretor do Museu Paulista, era um dos principais nomes da ciência no Brasil de então) sobre o destino que se devia dar aos índios de São Paulo (p. 215):

"Os actuaes indios do Estado de São Paulo não representam um elemento de trabalho e de progresso. Como tambem nos outros Estados do Brazil, não se póde esperar trabalho sério e continuado dos indios civilizados e como os Caingangs selvagens são um impecilio para a colonização das regiões do sertão que habitam, parece que nao ha outro meio, de que se possa lançar mão, senão o seu exterminio."
Agradecimentos. A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju deve a inclusão de ambos os textos ao lingüista J. Pedro Viegas Barros (CONICET, Argentina).

Thursday, November 22, 2007

Fundação da lingüística americana (Leite 1938); Puri (Torrezão 1889)

Índios Puri (imagem disponível no site da New York Public Library)

Para aqueles interessados na história da lingüística no Brasil, a Biblioteca Digital Curt Nimuendaju acaba de incluir em seu acervo o texto "Fundação da lingüística americana", segundo capítulo do tomo II (livro V) da História da Companhia de Jesus no Brasil, de Serafim Leite (1938). Além de tratar -- como seria de se esperar -- dos esforços jesuítas na lida com a língua mais usada na costa do Brasil (o Tupinambá ou Tupi da Costa), o texto menciona o Maromomim, língua 'tapuia' de São Paulo que, de acordo com Aryon Rodrigues ('Macro-Jê', em Dixon & Aikhenvald 1999, p. 166), poderia ter pertencido à família Puri (tronco Macro-Jê). De acordo com as fontes jesuítas, o jesuíta Manuel Viegas (falecido em 1608) teria produzido vocabulário, catecismo e uma gramática da língua Maromomim. Tais documentos, contudo, nunca foram localizados (e se forem, um dia, este seria sem dúvida um importante achado). E, por falar na família Puri, o vocabulário de Torrezão (1889) foi também incluído recentemente na Biblioteca.

Saturday, October 27, 2007

Recursos online: Internet Archive

O Internet Archive (http://www.archive.org/index.php) é uma biblioteca digital de websites e outros itens culturais (livros, periódicos, música, filmes etc.) que oferece acesso irrestrito ao seu acervo. O Internet Archive está à frente da Open Content Alliance ( http://www.opencontentalliance.org/), que inclui 80 bibliotecas americanas e canadenses interessadas em digitalizar seus acervos e torná-los disponíveis livremente na internet. Indivíduos também podem colaborar com o projeto, acrescentando itens ao acervo.

Embora ainda haja poucos itens relativos aos povos indígenas da América do Sul, há algumas raridades dignas de nota:

The Brasilian language and its agglutination (1883)
Cavalcanti, Amaro, 1849-1922
http://www.archive.org/details/brasilianlanguag00cavauoft

The social bees of Brazil and their Tupi names (n.d.)
Ihering, H. von (Hermann), 1850-1930
http://www.archive.org/details/socialbeesofbraz00iherrich

Relacion historial de las misiones de indios chiquitos que en el Paraguay tienen los padres de la Compañia de Jesús (1895)
Fernández, Juan Patricio, 1661-1733
vol. 1: http://www.archive.org/details/relaciondelas01fernrich
vol. 2: http://www.archive.org/details/relaciondelas02fernrich

Além disso, há clássicos que, embora não digam respeito diretamente a línguas indígenas sul-americanas, são sempre relevantes para a nossa área, incluindo obras de autores como Franz Boas e Edward Sapir:

Handbook of American Indian languages (1922-)
Boas, Franz, 1858-1942
http://www.archive.org/details/handbookofameric00boasrich

Language: An Introduction to the Study of Speech
Sapir, Edward, 1884-1939
http://www.archive.org/details/language12629gut

Novidades na Biblioteca: Baldus (1951), Ihering (1912)

Novos artigos

Os seguintes artigos foram recentemente incluídos na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju:

Baldus, Herbert. 1951. Kanaxivue. Cultura II, n. 4, p. 39-50. Rio de Janeiro.
http://biblio.etnolinguistica.org/baldus_1951_kanaxivue

von Ihering, Hermann. 1912. A ethnographia do Brazil meridional. In Actas del Congreso Internacional de Americanistas, p. 250-263. Buenos Aires.
http://biblio.etnolinguistica.org/ihering_1912_a_ethnographia

Comentários e "classificados"

O sítio da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju está agora mais interativo. Qualquer usuário pode se tornar um membro (http://biblio.etnolinguistica.org/membros ) do sítio e, assim, adicionar informações (comentários, resenhas etc.) às entradas bibliográficas. Além disso, membros do sítio podem publicar, em nossos "classificados", pedidos de títulos raros que gostariam de obter (http://biblio.etnolinguistica.org/forum/c-17988/wishlist).

Agradecimentos

A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju agradece as valiosas colaborações dos colegas J. Pedro Viegas Barros (CONICET, Argentina) e Lincoln Almir Amarante Ribeiro (UEG, Anápolis).

Friday, October 12, 2007

"Palavras muito usadas não têm som alterado" [sic]

Este é o título de uma nota publicada ontem no Estadão (divulgada no Jornal da Ciência). A começar pelo título, a matéria dá a parecer que um estudo publicado agora na revista Nature teria concluído que "quanto mais uma palavra é usada, menos o som que a representa muda". Para qualquer um que aprendeu na escola que vossa mercê veio dar no português você (e, no português coloquial, simplesmente ), o texto do Estadão seria de encabular.

Lendo o resto da nota, porém, percebe-se que parece haver uma confusão entre a alteração da forma fonológica de uma palavra e a sua substituição por outra. Palavras de alta freqüência tendem a ser substituídas com menos freqüência. Mas mudam sim, e muito -- a ponto de se tornarem irreconhecíveis. Pode-se dizer, aliás, que quanto mais uma palavra é usada, mais sujeita é a simplificação (ou erosão) fonológica, como ilustrado pelo exemplo mencionado acima (vossa mercê > você > ).

Um exemplo clássico nos estudos do Indo-Europeu (para citar uma das palavras mencionadas na matéria) é a palavra armênia para "dois", erku, que é -- ainda que não pareça -- cognata com duo em latim e, claro, dois em português (vide Antoine Meillet, The Comparative Method in Historical Linguistics, 1967, p. 18). E, no tronco Macro-Jê, um morfema derivacional extremamente produtivo, que deriva nomes "de agente", é preservado em pelo menos duas famílias (Jê e Karajá), mas as semelhanças fonológicas são, à primeira vista, difíceis de se detectar (Karajá -du, Xerente -kwa).

Se isto é tudo, o estudo, então, não chega a nenhuma novidade bombástica. A idéia de que há partes do vocabulário que são mais estáveis (ou seja, são substituídas menos rapidamente que outras) é a razão que subjaz, entre outras, à lista de Swadesh, na qual muitos se baseiam para diagnósticos (preliminares que sejam) de parentesco e de profundidade temporal de famílias lingüísticas.

"Milestone"


An Associated Press article about this study doesn't do much better in terms of explaining the findings, and it seems to exaggerate their significance even more:
"Scientists have uncovered what might be called the law of language evolution: the more a word is used, the less likely it is to change over time. [...] [I]f [the study] also holds for other languages, it would be a milestone in understanding one of humanity's defining attributes."

Milestone? Well, for linguists, this seems to have been textbook wisdom for a while now. As a (former) journalist, I understand the media's attempts to make Sci & Tech news more exciting to the general public. But, as a linguist, I find the truth of the facts exciting enough.

Tuesday, October 9, 2007

'The season of hunger': a note on historical semantics

As I mention in the "About" page, I'm currently working on a reconstruction of Proto-Jê, the common ancestor of the languages grouped under the Jê family (numbering around ten). Although similarities between the members of the family are generally easy to spot, a few cases prove a little more challenging (both phonologically and semantically).

One of the recently reconstructed Proto-Jê words, *prãm 'hunger', is inherited in Southern Jê (Kaingáng and Xokléng languages; the latter is now commonly referred to as Laklãnõ) with the meaning 'summer' (see Wiesemann's dictionary, for Kaingáng, and Bublitz's 1994 master's thesis, p. 47, for Laklãnõ). Although it is not hard to think of a plausible semantic connection between both concepts, some sort of independent confirmation is always welcome. In well-studied families, such as Indo-European, seemingly unlikely semantic connections can ultimately be proven to be true thanks to the existence of written documentation (in addition to the fact that the phonological correspondences are better established, etc.). In lesser-known families or stocks (such as Jê and Macro-Jê), such corroboration is much harder to come by. One has to look somewhere else for corroborating evidence.

Sometimes, one or more related languages provide the "missing (semantic) link". For instance, the likely cognate of the Proto-Jê word *kra 'offspring' in Karajá is ra 'nephew', a possibility that went unnoticed by Davis (1968, 'Some Macro-Jê relationships,' IJAL). The semantic connection between both is far from obscure. But, if one is still unsure, the fact that the cognate in Xavánte (Central Jê) means both "offspring" and "nephew" makes the plausibility of the hypothesis even more obvious. (By the way, the likely Karajá cognate for Proto-Jê *prãm is rǝma 'hunger', illustrating the same process of cluster simplification seen with ra 'nephew'.)

Sometimes the semantic change under consideration is documented elsewhere (a fact that corroborates the plausibility of the hypothesis). In our case in point ("hunger" > "summer"), for instance, there is in the Mataco family a root that shows a similar semantic scope, in which a season comes to be associated with 'hunger': "invierno, época de hambre" (from Verónica Grondona's handout "Algunos cognados en las lenguas dela familia mataca", presented at the 52nd International Congress of Americanists, Seville, 2006). Other pieces of evidence which may shed light on the possible historical circumstances underlying the semantic change may be found in the ethnographic literature. In our case, the following passage, from Jules Henry's Jungle People (1964, p. 6), on the Xokléng, may be elucidating:

"The Kaingáng [Xokléng] are hungry in winter and early spring. Then the tracks of animals are hard to interpret and the tapir can run far and fast, for it is no longer burdened with its young and the forest is cool. To the Kaingáng the tapir is not only the most important food, it is the very symbol of food. When they have no tapir meat there is very little meat of any kind, for the tapir is most plentiful when the wild fruits and nuts are ripe, and when these are gone the monkeys and birds, the rodents and pigs, the deer and the tapir that have fed on them for months, grow scarce or vanish altogether.[...] Summer, with its warmth, its dryness, and its plenty, brings comfort at last to these people [...]."

The only apparent problem with this theory is how to reconcile the fact that (in the available literature) Kaingáng prŋ and Laklano plõm mean 'summer', but, according to Henry's passage, it was winter that made the Xokléng miserable. Considering, however, that what's "winter" or "summer" may vary considerably according to one's dialect (or sociolect), the hypothesis here may be on the right track. If Southern Jê prŋ/plõm indeed refer to the rainy season (as opposed to Henry's "[S]ummer, with its warmth, its dryness, and its plenty"), then we'll have an interesting case in which ethnographic data help to explain a semantic diachronic change.

Águas de março nem sempre fecham o verão. In rural Brazil (at least Central Brazil, as far as I can tell), 'summer' is the lack of rain; 'winter' is the rainy season. The farmer and the weather person (as well as Tom Jobim!) may be talking about very different things with the "same" words.

Update (October 10, 2007, morning)

In response to a query I sent to the Etnolingüística list, Wilmar D'Angelis (UNICAMP), an expert on Kaingáng language and culture, provided me with very interesting insights into this issue (which prompted the corrections above, in strikethrough). Check it out.

An afterthought (October 10, 2007, evening)

D'Angelis suggests that the fact that both "hunger" and "year" occur one after the other in Wiesemann's dictionary is in itself a good reason to consider them as (etymologically) connected. I guess it is quite the contrary: the fact that the author lists them in two different entries suggests that she saw them as a case of homonymy, not polysemy. This is one of those cases where the border between both categories is blurred -- and that's exactly what makes the kind of ethnographic data mentioned by Jules Henry (and D'Angelis himself) so important.

Monday, October 8, 2007

Oxalá: an endangered word?

Desde que comecei a aprender sobre a origem das palavras (no antigo "ginásio", se me lembro bem), uma palavrinha que vem sempre me intrigando é oxalá, no sentido de 'tomara que'. O significado original em árabe, dizia-me a professora, era algo como "queira Alá". Para que não me falhe a memória, vou citar o dicionário -- e, como não tenho aqui comigo o Aurélio (ou qualquer outro dicionário decente de português), contento-me com o verbete do dicionário da Real Academia Española para o equivalente em espanhol:

¡ojalá! (Del ár. wa-ša 'Allah, y quiera Dios.) interj. con que se denota vivo deseo de que suceda una cosa.
O que me intrigava, e me intriga, é o seguinte. Como pôde esta palavra, originalmente muçulmana, resistir à Reconquista, sobreviver a Inquisição e até mesmo -- feito ainda mais heróico -- meter-se na nossa Bíblia? Sim, porque, ao contrário do espanhol, em português (brasileiro, pelo menos), tal palavra é puramente literária. E, entre os poucos textos acessíveis a um menino de ginásio no interior de Goiás, a Bíblia era certamente a que fazia uso mais abundante desta palavra.

Há uns poucos anos, porém, comecei a desconfiar que haveria uma conspiração contra esta palavrinha. Por exemplo, na última missa a que assisti (e isso faz um bom tempo), percebi que o padre sistematicamente a evitava, mesmo quando a dita cuja estava impressa no roteiro da missa. Agora minhas suspeitas se confirmam. Fuçando na internet, descobri um sítio que permite comparar diferentes versões da Bíblia. Fazendo isto, percebi que a versão atual do texto protestante (de João Ferreira de Almeida) aboliu por completo o uso de oxalá, muito comum em versões anteriores. Como ilustração, basta comparar duas versões de Salmos 139:19:
Oxalá que matasses o perverso, ó Deus, e que os homens sanguinários se apartassem de mim. [1967]
Ó Deus, tu matarás decerto o ímpio; apartai-vos portanto de mim, homens de sangue. [1994]
Em princípio, pareceu-me que oxalá seria apenas mais uma vítima do modernismo lingüístico. Mas, notando que palavras ainda mais esdrúxulas e raras sobrevivem no texto atual (galardão...), desconfio que a razão seja mais sombria: evitar qualquer alusão, acidental que seja, a Oxalá, o orixá que, na umbanda, é "associado à criação do mundo e da espécie humana" (segundo a Wikipédia). Eu, que tenho uma tremenda simpatia por palavras (como outras tradições humanas) ameaçadas pelo preconceito e a ignorância, torço pela sobrevivência desta heroína. Queira Oxalá (e Deus, e Alá) que oxalá perdure.

Saturday, October 6, 2007

De missionários -- religiosos ou não

Um dos assuntos mais recorrentes na lista Etnolingüística, missionários em aldeias indígenas, está de volta. O pior sinal da trivialização de um tema está no uso de palavras-de-ordem, em vez de argumentos (o que, infelizmente, tem sido comum agora, como antes). Isto me força a começar este blog com um tema que considero cansativo.

Devo esclarecer que não sou religioso. Embora eu me considere, na medida do possível, um católico bom (com doses de kardecismo e pitadas de animismo, além de uma colheradinha de hinduísmo), jamais me qualificaria como um bom católico. Os que me conhecem saberão de minhas objeções à atuação missionária. Mas acho que concentrar a artilharia contra os missionários acaba por obscurecer a atribuição de culpas.

É, de fato, lamentável que, em certas ocasiões, missionários acabem ocupando um vácuo deixado pela ineficiência do poder público, de tal forma que o assistencialismo que exercem acabe se tornando mais um objeto de barganha na conquista de almas. Mas, se há um vácuo, é um resultado da ineficiência crônica do Estado -- e tal ineficiência não muda, quer sejamos governados por ex-coroinhas ou por ex-ateus.

Outro vácuo ocupado pelos missionários, no passado recente, é exatamente o do estudo das línguas indígenas. Entre outros motivos, isto resultou da falta de eficiência (e de interesse) das nossas instituições acadêmicas. Com pouquíssimas exceções, nossos intelectuais (até pelo menos a primeira metade do século passado) demonstravam muito pouco interesse pelo índio vivo, de carne e osso -- em vez disso, dedicavam-se avidamente aos índios dos livros de história, enquanto seguiam com servidão as teorias da moda (algo soa familiar, não?).

Basta, por enquanto, um exemplo sintomático. Na primeira metade do século passado, enquanto Pompeu Sobrinho (1947, PDF), um dedicado estudioso dos antigos Tapuya do domínio holandês, imaginava extinta a tribo dos Karirí, os últimos falantes da língua ainda viviam; segundo Bandeira (1972), os últimos "cortadores de língua" (ou seja, os que a falavam fluentemente) teriam falecido na década de 1960 -- estando vivos, portanto, quando da visita de Métraux (1951), que coletou um pequeno vocabulário. Este é um exemplo de uma oportunidade perdida (a de documentar, com meios modernos, uma língua em vias de extinção) e de uma tendência infelizmente comum: a de se ignorar o índio real em proveito do índio ideal.

Tuesday, September 11, 2007

Novidades na Biblioteca: Pehuelche, Tacana, Kaingáng

Três artigos foram recentemente acrescentados ao acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju:

Adam, Lucien. 1902. Le parler des Caingangs. Congrès International des Américanistes (XIIe. Session tenue a Paris en 1900), p. 318-330.

la Grasserie, Raoul de. 1902. Contribution a l'ètude des langues de la Patagonie: vocabulaire Pehuelche. Congrès International des Américanistes ( XIIe. Session tenue a Paris en 1900), p. 339-354.

Lafone Quevedo, S. A. 1902. La lengua Tacana de la región del Rio Madre de Dios (Bolivia). Congrès International des Américanistes ( XIIe. Session tenue a Paris en 1900), p. 331-337.

Caso você tenha problemas ao tentar baixar um ou outro arquivo, escreva-nos solicitando o envio por e-mail (http://biblio.etnolinguistica.org/contato ).

Sunday, August 12, 2007

Online: Unter den Naturvölkern Zentral-Brasiliens (von den Steinen 1894)


Unter den Naturvölkern Zentral-Brasiliens, de Karl von den Steinen (1894), um clássico da literatura etnográfica, está agora disponível online, através do Google Books Library Project. Relato da segunda expedição alemão ao Xingu, a obra inclui, além de várias informações de interesse etnográfico e lingüístico, um apêndice com vocabulários Boróro, Pareci, Trumai, Kamayurá, Aweti, Yawalapiti, Waurá, Kustenaú, Mehinaku, Yanumakapü-Nahukwá e Nahukwá. O livro está disponível para leitura e download aqui.

Para uma lista de obras sobre línguas indígenas sul-americanas disponíveis através do Google Books Library Project, visite http://wiki.etnolinguistica.org/googlebooks

Monday, August 6, 2007

Online: Martius 1867 (vol. 1 e 2)

Ambos os volumes da monumental obra Beiträge zur Ethnographie und Sprachenkunde Amerika's zumal Brasiliens, de Carl Friedrich von Martius (1867), estão agora disponíveis online, através do Google Books Library Project.

O volume I, sobre etnografia, já estava disponível há algum tempo, mas o volume II, contendo vocabulários de dezenas de línguas indígenas (muitas extintas), só foi disponibilizado recentemente.

Os volumes podem ser acessados (e baixados) através dos seguintes links:

vol. I: Zur Ethnographie
vol. II: Zur Sprachenkunde

Para uma lista de obras sobre línguas indígenas sul-americanas digitalizadas pelo Google Books Library Project, visite http://wiki.etnolinguistica.org/googlebooks

Wednesday, June 27, 2007

Novidades na Biblioteca: Ambrosetti (1896), Mamiani (1942), Rudolph (1909), etc.


O acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju acaba de ser ampliado, com a inclusão de dois livros (Mamiani 1942, Rudolph 1909), um capítulo de livro (Bandeira 1972) e artigos sobre línguas das famílias Jê e Boróro:

Ambrosetti, Juan Bautista. 1896. Materiales para el estudio de las lenguas del grupo Kaingangue (Alto Paraná). Boletín de la Academia Nacional de Ciencias de Córdoba 14, p. 331-380.

Bandeira, Maria de Lourdes. 1972. Os Kariris de Mirandela: Um Grupo Indígena Integrado. Estudos Baianos 6. Salvador: Universidade Federal da Bahia. [Apêndice "Sobrevivência lingüística", p. 111-118; "Bibliografia", p. 169-171]

Boudin, Max H. 1950. Apontamentos para um estudo da língua Krẽ-yé (dialeto Timbira do alto rio Gurupi). In Verbum 7.557-628. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica.

Crowell, Thomas H. 1977. The phonology of Boróro verb, postposition, and noun paradigms. Arquivos de Anatomia e Antropologia (Instituto de Antropologia Prof. Souza Marques, Rio de Janeiro), 2.159.178.

Mamiani, Luiz Vincencio. 1942 [1698]. Catecismo da Doutrina Christãa na Lingua Brasilica da Nação Kiriri. Lisboa. (Edição fac-similar, Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional).

Rudolph, Bruno. 1909. Wörterbuch der Botokudensprache. Hamburg: Fr. W. Thaden.

Vogt, F. 1904. Die Indianer des Obern Paraná: II. Die Indianer der Coroados-Gruppe. In Mitteilungen der Anthropologischen Gessellschaft in Wien, 34.4.353-377.

Em seus primeiros meses de funcionamento, a Biblioteca recebeu cerca de 500 visitas, resultando em mais de 350 downloads. Como sempre, esperamos continuar contando com a ajuda dos usuários da Biblioteca no sentido de aprimorá-la e expandi-la, através do envio de sugestões e materiais digitalizados a serem incorporados ao acervo.

Caso você tenha problemas ao tentar baixar um ou outro arquivo, escreva-nos solicitando o envio por e-mail.

Agradecimentos: A Biblioteca contou mais uma vez com valiosas colaborações: Dioney Moreira (UnB) e Françoise Rose (CNRS, França), com o Catecismo de Mamiani (1942), e J. Pedro Viegas Barros (CONICET, Argentina), com os artigos de Ambrosetti (1896) e Vogt (1904).

Friday, May 4, 2007

Revista do Instituto do Ceará

A coleção completa da Revista do Instituto do Ceará, abrangendo mais de um século (desde 1887), está disponível no sítio da instituição. A revista contém diversos trabalhos de interesse etnolingüístico, incluindo vários artigos do prolífico Thomás Pompeu Sobrinho: 'Sistema de parentesco dos índios Cariris' [PDF], 'Contribuição para o estudo das affinidades do Kariri' [PDF], 'As origens dos índios Cariris' [PDF], 'Os Tapuias do Nordeste e a monografia de Elias Herkman' [PDF], 'Tapuias do Nordeste' [PDF], 'Índios Merrime' [PDF], 'Os índios Fulniôs - os Karnijós de Pernambuco' [PDF], 'Lendas Mehin' [PDF], etc. Considerando que muitos estudos pioneiros foram publicados em revistas de institutos históricos e geográficos pelo país afora, espera-se que o exemplo do Instituto do Ceará seja seguido por outras instituições semelhantes (incluindo, naturalmente, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro).

Tuesday, May 1, 2007

In den Wildnissen Brasiliens (Krause 1911)

In den Wildnissen Brasiliens (Fritz Krause, 1911), um dos grandes clássicos da etnografia sobre os Karajá (incluindo também informações sobre outras tribos da região do Araguaia), está agora disponível online, através do Google Books Library Project. O livro pode ser lido ou baixado (em pdf) aqui.

Esta obra já havia sido traduzida ao português por Egon Schaden (com prefácio de Herbert Baldus) e publicada ao longo de várias edições da Revista do Arquivo Municipal, entre 1940 e 1944 (com o título "Nos sertões do Brasil"). Esta versão brasileira, infelizmente, não inclui o interessante apêndice lingüístico, contendo dados do Karajá, do Javaé e do Kayapó; por esta razão, este apêndice do original alemão havia sido um dos primeiros trabalhos incluídos na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju.

Considerando-se o fato de que a tradução de Schaden está distribuída em vários números da Revista do Arquivo Municipal, e que não muitas bibliotecas possuem coleções completas deste periódico, a publicação online do original alemão é mais do que bem vinda. Ainda mais bem vinda seria uma publicação, em livro, da tradução brasileira. Será que há projetos neste sentido?

Sunday, April 29, 2007

Anchieta (1595) e outras raridades da Biblioteca Nacional do Brasil

A Biblioteca Nacional do Brasil disponibiliza online uma pequena amostra de seu significativo acervo de livros raros (muitos dos quais trazidos pela família real portuguesa por ocasião da invasão napoleônica). Entre estas raridades, incluem-se obras de interesse etnográfico, histórico e lingüístico, como as primeiras edições da gramática de Anchieta (1595, PDF), dos relatos de Hans Staden (1557; PDF) e Cristóbal de Acuña (1641; PDF), e da história de Gandavo (1576; PDF).

Biblioteca Nimuendaju: o que é?

A Biblioteca Curt Nimuendaju é um projeto que visa à criação de uma coletânea digital de artigos e livros raros sobre línguas e culturas indígenas sul-americanas, com o objetivo de torná-los mais acessíveis a pesquisadores e outros interessados. Entre os trabalhos a serem digitalizados incluem-se obras de autores como Karl von den Steinen, Paul Ehrenreich, Fritz Krause, Lucien Adam, Paul Rivet, Čestmir Loukotka, Alfred Métraux, Mansur Guérios, Lemos Barbosa e Curt Nimuendaju, entre outros.

Tais trabalhos, com raras exceções, estão dispersos em livros e periódicos antigos há muito esgotados, muitos dos quais são raramente encontrados nos acervos de bibliotecas sul-americanas, principalmente em regiões mais periféricas. Além de sua importância para lingüistas, antropólogos, historiadores e pesquisadores de assuntos sul-americanos em geral, a Biblioteca Curt Nimuendaju pretende também fornecer subsídios para iniciativas de resgate cultural entre comunidades indígenas.

O projeto foi lançado, em caráter experimental, em fevereiro de 2007. A participação de todos, seja fazendo uso do material disponível, acrescentando itens ao acervo ou dando sugestões, é muito bem vinda. Para uma lista das obras já disponíveis, clique aqui. A Biblioteca Curt Nimuendaju é um projeto sem fins lucrativos e mantido inteiramente por voluntários (todos lingüistas dedicados aos estudos de línguas indígenas sul-americanas). Para sugestões, comentários e críticas, clique aqui.