Friday, June 20, 2008

Língua Geral: Mais um empréstimo em Karajá

Para o estudo das línguas Macro-Jê outrora faladas no leste brasileiro, vocabulários antigos, coletados principalmente no século XIX e no começo do século XX, são essenciais. São, em muitos casos, as únicas fontes disponíveis. Este é caso de todas as línguas das famílias Purí e Kamakã , e de grande parte das línguas das famílias Krenák e Maxakalí. Apesar de seu caráter limitado (tanto em termos quantitativos, quanto qualitativos), tais vocabulários podem fornecer pistas importantes para a compreensão do tronco (vide, a respeito, as recentes dissertações de Andérbio Martins e Ambrósio da Silva Neto, sobre as famílias Kamakã e Purí, respectivamente). Mesmo quando se imagina que já se extraiu tudo o que haveria de aproveitável nestes vocabulários, eles podem reservar alguma surpresa ao pesquisador atento.

Mesmo no caso de línguas que sobrevivem em pleno vigor e que podem hoje ser estudadas mais a fundo, vocabulários antigos permitem uma rara oportunidade de se descobrirem fatos acerca do passado lingüístico recente. Um exemplo que mencionei antes é o empréstimo maritó 'paletó' em Karajá, que, apesar de não ser mais usado hoje em dia, foi documentado por duas fontes da década de 1940. Um outro exemplo que acabo de descobrir é ainda mais interessante. Trata-se de um empréstimo da Língua Geral para 'dinheiro' -- mais um acréscimo à pequena lista de palavras da Língua Geral (Paulista, provavelmente) em Karajá, que descrevi em artigo publicado há alguns anos. [Embora contatos com falantes de Língua Geral Amazônica tenham provavelmente ocorrido ao norte do território Karajá (com falantes de Karajá do Norte e Xambioá), é provável que a grande maioria dos empréstimos tenham vindo da Língua Geral Paulista falada pelos bandeirantes, que foram os primeiros a estabelecer contato com os Karajá da Ilha do Bananal, núcleo populacional deste povo.]

No vocabulário de Eduardo Sócrates (publicado em 1892, representando o dialeto Karajá do Sul; disponível aqui), mais ou menos escondido em uma transcrição à portuguesa e desfigurado por erro tipográfico, lá estava o empréstimo: Intadiná 'dinheiro'. Embora a relação com a palavra para 'dinheiro' usada em Tupinambá (itajuba, de acordo com o Pequeno Vocabulário Português-Tupi do Pe. Lemos Barbosa) e na Língua Geral seja em princípio menos óbvia, um estudo das outras palavras no vocabulário explica as aparentes anomalias:

(1) A transcrição de Sócrates era, provavelmente, Intadiuá, onde a letra u -- substituída por n pelo tipógrafo -- representa o glide /w/ do Karajá. Isto fica claro quando se percebe que o mesmo erro tipográfico ocorre em outras palavras do vocabulário: quèná 'jatobá', por [kɨ'wa]; uaxinaté 'arco', por [waʃiwaha'ɗɛ]; cucêêné 'ema', por [kuƟehe'we].

(2) Refletindo sua pronúncia na maioria dos dialetos do português brasileiro, a seqüência di é usada por Sócrates para representar a africada [dʒ] do Karajá, como atestado em vários exemplos: diatá 'banana' [idʒa'ɗa], diú-hú 'dente' [dʒu'u], adiu 'paca' [hã'dʒu].

Assim, a palavra representada como Intadiná no vocabulário era provavelmente pronunciada como [ĩɗadʒu'wa] ~ [ĩɗadʒu'a], correspondendo perfeitamente ao provável original em Língua Geral (para correspondências semelhantes, vide os empréstimos para 'cavalo' e 'sal' no meu artigo mencionado acima). Caso tenha sido introduzido no tempo dos primeiros contatos entre os Karajá e falantes da Língua Geral Paulista, [ĩɗadʒu'wa] teria sobrevivido por cerca de dois séculos, antes de ser substituído pela atual palavra para 'dinheiro', um empréstimo do português: [nie'ru].

Embora o "Tupí da Costa" e um de seus descendentes, a Língua Geral Amazônica, sejam bem documentados, o conhecimento de seu outro descendente, a Língua Geral Paulista, é bastante limitado (cf. Aryon Rodrigues, "As línguas gerais sul-americanas"). Uma fonte indireta de conhecimento da Língua Geral Paulista acaba sendo, justamente, os empréstimos em línguas de povos com os quais os bandeirantes tiveram contato. Um dos casos mais fascinantes é o do Boróro (cf. Adriana Viana, "Sobre a língua Bororo"), indígenas de Mato Grosso que se aliaram aos bandeirantes no combate a outras tribos indígenas (inclusive os Karajá).

Sunday, June 15, 2008

"Ese famoso (y dichoso) bilingüismo paraguayo"

Acabo de ler um excelente artigo sobre o Guarani Paraguayo -- "Ese famoso (y dichoso) bilingüismo paraguayo", escrito por Bartolomeu Meliá, uma das maiores autoridades no assunto. O artigo, publicado na edição de 2005 do Anuario do Centro Virtual Cervantes (uma fonte muito útil, aliás, para quem tem interesse profissional pelo espanhol), apresenta um relato detalhado das origens do bilingüismo paraguaio, desde suas origens coloniais ao presente, incluindo o papel desempenhado pelo Guarani em momentos cruciais da história paraguaia, como as Guerras da "Triple Alianza" (conhecida, nos nossos livros de história, como a Guerra do Paraguai) e do Chaco. Eis um trecho da conclusão -- eloqüente, com uma pitada meio melancólica de poesia:

"Cuando no se hable guaraní, cuando haya huecos y vacíos, como los comienza a haber en el mapa del Paraguay, en los que ya no se habla guaraní, la política lingüística se encontrará ante una selva deforestada, un campo de soledad y triste panorama, cuya recuperación costará al fin vanos esfuerzos. El castellano estará al mismo tiempo en peores condiciones para afirmarse. Ya lo estamos experimentando. Hay un tipo de globalización que sólo difunde la «no lengua», pobre y esmirriada, de los aeropuertos de paso y de las calles sin rostro."

Saturday, June 14, 2008

['mbaba]


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My baby Zahāra, a young Obama supporter, approves this message.



[CBS News, Feb. 5, 2008]

Monday, June 9, 2008

Kynyxiwe deu samba

Popularizados pela imprensa e por obras da literatura de aventuras (de autores como Willy Aurely e José Mauro de Vasconcelos), os Karajá são talvez um dos povos indígenas que mais espaço ocupam no imaginário popular brasileiro (ou, pelo menos, no Centro-Oeste). Mesmo com isto em mente, não deixou de me surpreender um fato que acabo de descobrir: em 1979, o samba-enredo da escola de samba carioca Estácio de Sá teve como tema as aventuras de Kynyxiwe [kənãʃi'wɛ], "trickster" que, na mitologia Karajá, é o responsável pela aquisição do fogo pela humanidade, entre outras façanhas. Trata-se do samba "Das trevas ao sol, uma odisséia dos Karajás" (de autoria de Elinto Pires e Leleco, interpretado por Leleco; letra e música disponíveis aqui):

Olê, olê
Olê, olá (bis)
Se a vida tem segredo
Urubu-rei pode contar

Conta a lenda
Que os Karajás
Vieram do furo das pedras
Tal e
qual os javaés
E os Xambioás
No seu mundo encantado
Só na velhice
que a morte acontecia
E a Siriema despertou, ô ô
A curiosidade que havia
Kaboi, o avoengo reuniu
Guerreiros para explorar a terra
E ficou
desiludido
Resolveu contar tudo a seu povo
Que dividido partiu para um
mundo novo
Kanaxivue
Bravo guerreiro casou com Mareicó
E foi
procurar a luz
Para tornar o seu mundo bem melhor
Morreu numa imensa
odisséia
Quando urubu-rei apareceu
Lhe deu vida, o Sol, as estrelas
E o luar
E assim surgiu
A lenda dos Karajás

Não só de Kynyxiwe consiste o enredo, que também menciona um outro personagem de peso, Koboi [kəbo'i] (que, por sinal, não parece ocorrer no conjunto de histórias que têm Kynyxiwe como protagonista). Imagino que os autores do samba tenham se baseado na literatura etnográfica então existente e desconfio que, mais precisamente, tenham se baseado em trabalhos de Herbert Baldus, considerando, por exemplo, a maneira como escreveram o nome do nosso herói: Kanaxivue (vide o artigo de Baldus, de título idêntico, disponível na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju). É claro que o samba toma algumas liberdades poéticas. Mas não deixa de ser uma homenagem bem merecida a uma cultura fascinante.

Sunday, June 1, 2008

Homofonia em Macro-Jê

Detalhe (p. 97) da 'Arte y Vocabulario de la Lengua Chiquito', com as entradas para 'mano' e 'espina' (clique para ampliar)'Tecer', 'semente', 'fogo'

Nos estudos comparativos das línguas do tronco Macro-Jê (cujas raízes são, em geral, monossilábicas e de estrutura silábica relativamente simples, favorecendo, assim, a existência de homofonia), percebemos que a existência de pares homófonos acaba tendo um valor diagnóstico interessante: se um par homófono em uma língua corresponde a um par homófono em outra, é um bom sinal de que as correspondências fonológicas detectadas estão no caminho correto. Um caso que mencionei em outra ocasião (Ribeiro 2004) é o das raízes 'semente' e 'tecer' em Karajá e Jê, homófonas em ambas as famílias; pesquisando um pouco mais, descobri que a homofonia vai mais além, ocorrendo também em Maxakalí e Rikbaktsá (Ribeiro, a sair):

PJê * 'tecer', KRJ ɗɨ, MXK xap, RIK -zik
PJê * 'semente, KRJ ɗɨ, MXK xap, RIK zik 'caroço'

Nas famílias Jê e Maxakalí, a homofonia envolve também a raiz para 'fogo', cuja reconstrução inicial por Davis para o PJê, *kuzɨ, foi revista para *, graças principalmente aos dados do Panará (generosamente fornecidos por Luciana Dourado):

PJê *-sɨ 'fogo', MXK -xap (cf. Pataxó)

Em Karajá, a raiz para 'fogo', hɛkɔɗɨ, provavelmente inclui um cognato da raiz para 'fogo' nas demais línguas (*-ɗɨ), acrescido de possíveis elementos morfológicos fossilizados (cf. 'lenha', 'madeira'). Em Ofayé, as raízes para 'fogo' e 'semente' são parecidas (ʃãw e ʃa, respectivamente), mas não homófonas; se estas forem, de fato, cognatas com as formas Jê, Karajá e Maxakalí correspondentes, é provável que a homofonia não remonte ao Proto-Macro-Jê (o que parece ser corroborado também pelo Rikbaktsá izo 'fogo' e o Kipeá i-su 'fogo' -- se bem que, neste último caso, as formas para 'semente' ou 'tecer' não foram, aparentemente, documentadas).

'Carne', 'espinho', 'mão'

Tudo isto para servir de introdução a um outro caso interessante de homofonia em Macro-Jê. Em nossos estudos comparativos demonstrando a inclusão da família Jabutí no tronco Macro-Jê, Hein van der Voort e eu (a sair) havíamos notado que as raízes para 'carne' e 'espinho' são homófonas tanto na família Jabutí, quando na família Jê [exemplos do Apinajé (Jê) e Djeoromitxí (Jabutí)]. Mais uma vez, esta homofonia ocorre também em outras famílias do tronco Macro-Jê, como Rikbaktsá (-ni 'espinho', -ni 'carne') e, de certa forma, Karajá (onde, caso cognata, a forma para 'espinho' incluiria elemento morfológico extra) e Chiquitano (onde a forma para 'carne', ñ-añêe, parece incluir elemento morfológico fossilizado; cf. Adelaar 2005: cognato 23).

Apinajé ɲ-ĩ 'carne' (PJê *j-ĩ), DJE , RIK -ni, CHQ ñ-añêe, KRJ d-ɛ
Apinajé ɲ-ĩ 'espinho', DJE , RIK -ni, CHQ ñ-êe, KRJ l-ɛdɛ, MXK yĩn

E ainda mais: homófona (ou, em Maxakalí, quase homófona) com ambas as formas é a raiz para 'mão' reconstruída para o Proto-Jê (em compostos), *j-ĩ-, que tem prováveis cognatos em Chiquitano (ñ-êe), Maxakalí (yĩm) e Ofayé (j-ĩ) -- além do Karajá *d-ɛ- 'braço' (homófono de 'carne'), que ocorre em compostos:

Proto-Jê *j-ĩ- 'mão', MXK yĩm, OFY j-ĩ, KRJ *d-ɛ-'braço' (em compostos)

A mesma ressalva feita acima, com relação à forma para 'fogo' em Ofayé, Maxakalí e Rikbaktsá, deve ser feita aqui com relação à forma para 'mão' em Maxakalí: caso seja, de fato, cognata, isto sugeriria que a homofonia entre 'mão', de um lado, e 'carne'/'espinho', de outro, não remontaria ao Proto-Macro-Jê. [Há muito ainda a se aprender sobre as consoantes finais em Macro-Jê.]

Em um tronco cuja unidade genética é, para alguns, improvável, exemplos como estes -- especialmente no caso de 'semente'/'tecer' e 'carne'/'espinho', que, a julgar pelas evidências disponíveis no momento, teriam sido homófonos em Proto-Macro-Jê (Ribeiro, a sair) -- ajudam a reforçar as hipóteses de parentesco, corroborando ou aprimorando correspondências levantadas anteriormente. A menos, claro, que no final se determine (o que eu duvido) que se trata não de homofonia pura e simples, mas de padrões bem documentados de polissemia. Será?

Fontes:

Os dados do Karajá e do Ofayé são resultados de meu trabalho de campo. Os do Djeoromitxi são de Hein van der Voort. Dados do Apinajé foram obtidos da tese de doutorado de Christiane Cunha de Oliveira (2005). Dados do Chiquitano foram extraídos da "Arte y Vocabulario de la Lengua Chiquito" (1880), de Lucien Adam e Victor Henry (disponível aqui). Dados do Maxakalí e do Rikbaktsá foram extraídos dos dicionários de Popovich & Popovich (2005) e Tremaine (2007), respectivamente, ambos disponíveis no site do SIL Brasil.

Referências:

Adelaar, Willem. 2005. Relações externas do Macro-Jê: O caso do Chiquitano. To appear in Stella Telles (editor), Atas do V Encontro Macro-Jê.

Ribeiro, Eduardo R. 2004. Prefixos relacionais em Jê e Karajá: um estudo histórico-comparativo. Línguas Indígenas da América do Sul (LIAMES), 4:91-101.

Ribeiro, Eduardo R. (a sair). A reconstruction of Proto-Jê (and its consequences for the Macro-Jê hypothesis).

Ribeiro, Eduardo R & Hein van der Voort. (a sair). Nimuendaju was right: the inclusion of the Jabutí language family in the Macro-Jê stock. To appear in International Journal of American Linguistics (special volume on historical linguistics in South America, edited by Spike Gildea and Ana Vilacy Galucio).



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Saturday, May 31, 2008

Anthology of Brazilian Indian Music

Lançada originalmente em 1962, a coletânea Anthology of Brazilian Indian Music, reunindo canções Karajá, Javaé, Krahô, Suyá, Trumai, Tukuna, Juruna e Txukahamãe coletadas por Harald Schultz e Vilma Chiara, pode ser adquirida online no site do Smithsonian Global Sound (aqui). Mesmo para quem não planeja adquirir o CD inteiro, é possível adquirir canções "a granel". De toda forma, vale a pena visitar o site, já que é possível ouvir amostras de cada uma das canções. Acompanha o CD um guia (que pode ser baixado gratuitamente), escrito por Schultz e Chiara, com informações sobre os povos representados na coletânea. [Para mim, foi interessante saber que a canção "Juparaná", tão popular entre os Karajá, seria de origem Txukahamãe.]



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Saturday, May 10, 2008

Excursión a los Indios del Araguaia (Sekelj 1948)



Em meados de 1945, o jornalista, escritor e esperantista Tibor Sekelj (1912-1988) percorreu o Rio Araguaia, desde Aragarças à ponta norte da Ilha do Bananal, visitando aldeias Karajá e Javaé. Além de servir de inspiração para o livro infantil Kumeŭaŭa, la filo de la ĝangalo ('Kumewawa, o filho da floresta', publicado originalmente em esperanto), a viagem resultou no artigo "Excursión a los Indios del Araguaia" (1948), que acaba de ser incluído na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Enviado por Hélène Brijnen (Leiden), trata-se de uma fonte muito pouco conhecida sobre os Karajá/Javaé, não tendo sido mencionada em nenhum dos trabalhos publicados sobre a língua e a cultura deste povo. Kumewawa, o filho da floresta (versão em sérvio)

O artigo inclui, além de informações etnográficas e fotos do cotidiano Karajá, um vocabulário Karajá-espanhol, fornecido por indivíduos da aldeia Karajá do Sul de Aruanã (então Leopoldina), Goiás. A transcrição do vocabulário é razoavelmente confiável (principalmente quando comparada com a de vocabulários anteriores, e mesmo com obras de alguns contemporâneos, como Frei Luiz Palha). O vocabulário de Sekelj é particularmente útil para corroborar outras fontes da mesma época. Um exemplo é o empréstimo maritó 'paletó', que eventualmente viria a cair em desuso; documentado por Sekelj e Brito Machado, é um item útil para ilustrar adaptações fonológicas de empréstimos em uma época em que os Karajá tinham menor familiaridade com o português.

Leia mais: Sobre o autor (Wikipédia, Esperanto.Net); Kumewawa, o filho da floresta (em sérvio); sobre a revista Runa: Archivo para las Ciencias del Hombre.

Thursday, April 24, 2008

On Google Books

Although I am a big fan of any initiative that makes books freely available (as witnessed by my vain attempt at tracking them), there are a few characteristics of Google Books that make no sense to me. Not to mention deeper issues (such as its not-as-open nature, when compared to initiatives such as the Internet Archive, and the restrictions imposed on the download of books from non-US IP addresses), I wonder why their scanning is often so sloppy. Oversized maps, for instance, are poorly scanned (or not scanned at all). I understand that their focus may be on text searchability, but if libraries (and readers) are to benefit from book digitization initiatives such as this, one is to expect that the integrity of the book's content (maps included) is respected and maintained.

I understand that, as they state in the cover page of their scanned books, this is an expensive and time-consuming job. That's why I find it hard to understand what seems to be another, apparently costlier ineffectiveness: duplicate copies of one and the same item. I am not referring to different editions of the same title, but to having the exact same book repeatedly scanned. For instance, there are at least two copies of the Arte, vocabulario y confesionario de la lengua de Chile, published by Platzmann in 1887 (one from Harvard University, the other from Stanford); there are also at least two copies of Karl von den Steinen's Unter den Naturvölkern Zentral-Brasiliens (here and here). Being the "search giant" it is, one would expect Google to be able to avoid such unnecessary repetitions, in order to better accomplish its "mission [...] to organize the world’s information and to make it universally accessible and useful." Maybe a more library-like cataloguing system would help (it would certainly help readers), with a way of uniquely identifying titles--OCLC numbers, etc.

Periódico online: Signótica

Várias edições recentes de Signótica, revista do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Goiás, estão agora disponíveis online. Embora o site ainda esteja em construção, já estão disponíveis vários artigos sobre línguas indígenas (uma lista dos quais, atualizada à medida que outros números da revista se tornem disponíveis, está disponível aqui).

Thursday, April 17, 2008

Online: O Selvagem (Magalhães 1876), Die Bakaïrí-Sprache (Steinen 1892), etc.

Vários outros clássicos da etnografia e da lingüística sul-americanas foram recentemente digitalizados pelo projeto Google Books, incluindo O Selvagem, de Couto de Magalhães (1876), Die Bakaïri-Sprache, de Karl von den Steinen (1892) e Arte e Vocabulario de la Lengua Chiquita, de Lucien Adam e Victor Henry (1880). Para uma lista de links para estas e muitas outras obras disponíveis online, visite nossa coletânea de "bookmarks" no del.icio.us.

Infelizmente, parece haver restrições que impedem o download de livros do Google Books em certos locais. Para contornar este problema, democratizando ao máximo o acesso a tais obras, uma solução é postar os arquivos em outros sítios de livre acesso, como o Internet Archive (aparentemente, isso não desrespeita as normas do Google Books, desde que preservada a "marca d'água" que identifica a origem do arquivo; se alguém souber de informação contrária, por favor, avise-nos). Dois dos títulos mencionados acima, O Selvagem e a Arte y Vocabulario de la Lengua Chiquita, podem agora ser acessados também no Internet Archive, incluídos pela Biblioteca Digital Curt Nimuendaju (sugerimos aos colegas que façam o mesmo com outros títulos de seu interesse).

Wednesday, April 16, 2008

Online: Tapirapé (Praça 2007); Manchinéri (Silva 2008)

Os seguintes trabalhos foram recentemente incluídos na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UnB: a tese de doutorado Morfossintaxe da língua Tapirapé, de Walkíria Neiva Praça (2007), e a dissertação de mestrado Fonética e análise fonológica preliminar da língua Manxinéri, de Edineide dos Santos Silva (2008).

Saturday, April 5, 2008

UFRJ: teses e dissertações online

Teses e dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal do Rio de Janeiro a partir de 2006 estão disponíveis integralmente para download, incluindo os seguintes trabalhos sobre línguas indígenas: Morfologia Kuikuro: Gerando nome e verbos (Santos, 2007), Morfologia e Sintaxe da Língua Xavante (Oliveira, 2007) e Clíticos, redobro e variação da ordem oracional em Kayabí (Tupi-Guarani) (Gomes, 2007). Resumos de trabalhos defendidos entre 2002 e 2005 também estão disponíveis.

Thursday, March 27, 2008

Estórias e Lendas Indígenas (Pinto 1955)

Estórias e Lendas Indígenas, de Estêvão Pinto (1955), obra rara sobre os Fulniô, é o mais novo item a ser incorporado ao acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju (cortesia do lingüista Waldemar Ferreira Netto, da USP). Além de fornecer informações históricas e etnográficas diversas, o texto analisa quatro mitos Fulniô, três dos quais — 'Como os Fulniô conseguiram o fogo', 'A criação do homem, após o dilúvio' e 'A santa dos caboclos' — são apresentados no original em Yatê, acompanhado de tradução literal (feita com a colaboração do lingüista Geraldo Lapenda) e seguido por tradução livre.

Sunday, March 23, 2008

Imprensa: "Suriname, a land of many tongues, seeks its own"

A edição do International Herald Tribune de hoje traz uma matéria sobre a diversidade lingüística do Suriname e as dificuldades em se estabelecer uma língua oficial que satisfaça as diversas etnias do país (entre elas, brasileiros -- que, segundo a matéria, constituem dez porcento da população).

Thursday, March 13, 2008

UnB: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

Teses e dissertações defendidas recentemente na Universidade de Brasília estão agora disponíveis online (em formato pdf), através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da instituição. Entre as teses disponíveis no momento há pelo menos cinco sobre línguas indígenas: Estudo morfológico e sintático da língua mundurukú (tupí) (Gomes 2006), Contribuição para a fonologia da língua apiaká (tupí-guarani) (Pádua 2007), Comparação fonológica do kuruáya com o mundurukú (Mendes Jr. 2007), Revisão da classificação da família lingüística Puri (Silva Neto 2007) e Revisão da família lingüística Kamakã proposta por Chestmir Loukotka (Martins 2007).

Tuesday, March 11, 2008

Imprensa: "Los secretos del machaj juyai-kallawaya"

Em homenagem à declaração de 2008 como o Ano Internacional dos Idiomas, pela Unesco, a primeira edição da revista Correo de la Unesco deste ano tem como tema "Los idiomas cuentan", com vários artigos sobre línguas minoritárias e ameaçadas, incluindo um sobre o Kallawaya. Há também um vídeo sobre a cosmovisão dos Kallawaya, escolhida pela Unesco como uma das obras primas do patrimônio imaterial da humanidade (a exemplo de manifestações culturais dos povos Waiãmpi, Zápara e Garífuna, sobre as quais há também belos vídeos no mesmo sítio).

Wednesday, February 20, 2008

A vida de Nosso Senhor Jesus Christo (Rice & Kyle 1929)

O livreto A vida de Nosso Senhor Jesus Christo (Scripture Gift Mission, Londres, 1929), com texto em português e Tembé "para servir à instrução religiosa dos índios Tembé e Guajajara", acaba de ser incluído no acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Embora a obra em si não contenha indicações de autoria, a ficha catalográfica do Worldcat lista como autores John M. Kyle (texto em português) e J. Duval Rice (texto em Tembé). Outros trabalhos de Frederick John Duval Rice, publicados originalmente no Journal de la Société des Américanistes, estão disponíveis online no site do projeto Persée: 'A pacificação e identificação das afinidades linguisticas da tribu Urubú dos estados de Para e Maranhão, 1928-1929' (1930), 'Short Aparai vocabulary' (1931) e 'O idioma Tembé' (1934).

Tuesday, February 19, 2008

Periódicos cientí­ficos online: Persée

Persée, portal de periódicos nas áreas de ciências humanas e sociais mantido pelo ministério da educação francês, oferece gratuitamente para download o texto integral de várias edições de revistas científicas como Langages, Faits de Langues e L'Homme. Um destaque é a coleção de edições do Journal de la Société des Américanistes, abrangendo o período 1895-1939 (uma das fases mais significativas da produção sul-americanista no JSA, com diversos artigos de autores como Paul Rivet, Alfred Métraux, Čestmir Loukotka e Curt Nimuendaju, entre outros).

Thursday, February 14, 2008

Educação indígena: Trilhas de Conhecimentos

O projeto Trilhas de Conhecimentos, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (Depto. de Antropologia, Museu Nacional/UFRJ) e financiado pela Fundação Ford, teve início em 2004 com o objetivo de "fomentar iniciativas de ação afirmativa desenvolvidas por universidades destinadas a dar suporte ao etnodesenvolvimento dos povos indígenas no Brasil através da formação de indígenas no ensino superior." O website oferece várias informações sobre temas relacionados aos objetivos do projeto, incluindo teses e dissertações, artigos e livros didáticos como o Manual de Linguística: Subsídios para a formação de professores na área de linguagem, do lingüista Marcus Maia (Museu Nacional/UFRJ).

Tuesday, February 12, 2008

Rádio: "Me and other languages"

Na edição mais recente do programa Lingua Franca (ABC Radio National, Austrália), a lingüista Alexandra Aikhenvald (Research Center for Linguistic Typology, LaTrobe U) narra sua história lingüística pessoal: "Marking the United Nations-declared International Year of Languages, as well as its goal to preserve and promote linguistic diversity, the linguist Alexandra Aikhenvald tells the story of her own multilingualism, which reflects the story of a country that no longer exists."

Monday, February 11, 2008

Recursos online: ERIC

ERIC (Education Resources Information Center), iniciativa do Departamento de Educação dos EUA, é uma biblioteca digital de recursos sobre educação que oferece um amplo acervo de fichas bibliográficas anotadas, abrangendo especialmente periódicos científicos. Em muitos casos, o texto integral das publicações está disponível gratuitamente para download. É o caso, por exemplo, da monografia "Paraguayan Education Study: A Pilot Study", de Patricia García (2002), e de várias edições dos Work Papers of the Summer Institute of Linguistics, muitas das quais incluem artigos sobre línguas indígenas da América do Sul — como, por exemplo, o volume 35, que inclui os artigos "Are Cariban Languages Moving Away From or Towards Ergative Systems?", de Desmond D. Derbyshire, e "A Double-Verb Construction in Mbya Guarani", de Robert A. Dooley.

Sunday, January 13, 2008

Imprensa: "And then there was one"

O Washington Post de hoje publica uma matéria sobre a tentativa de se estabelecer contato com um indivíduo indígena isolado em Rondônia. Também são mencionados os Akuntsu e os Kanoê. Entre os entrevistados está o lingüista Hein van der Voort (Universidade Radboud, Holanda). A matéria completa (inclusive com vídeo do contato) pode ser lida aqui.

Friday, January 4, 2008

Actualidade Indigena (Borba 1908)

O livro Actualidade Indigena, de Telêmaco Borba (1908), é o acréscimo mais recente ao acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Esta obra rara (e, até o momento, de difícil acesso) contém material lingüístico Kaingang, Kaiowá, Guarani e Oti (Eo-Xavante), além de diversas informações de interesse etnográfico.